O que é o casamento?

Sadhguru: Vamos entender por que o casamento existe. Como ser humano, seja homem ou mulher, você tem certas necessidades. Quando você tinha 8 anos, se eu lhe perguntasse sobre casamento, a pergunta não faria nenhum sentido para você. Se eu tivesse lhe perguntado isso quando você tinha 14 anos, provavelmente, você ficaria meio tímido, porque já estaria pensando nisso; porque o seu corpo teria começado a crescer de uma certa maneira e os hormônios teriam começado a afetar a sua inteligência, você já estaria pensando nisso. Se eu tivesse lhe perguntado aos 18 anos, haveria um "sim" ou um "não, agora não", ou um "de jeito nenhum" bem claros, dependendo do que tivesse acontecido com você entre as idades de 14 e 18 anos.

A palavra "casamento" pode ter adquirido uma aura muito negativa em certas partes do mundo hoje em dia, porque existe um senso de liberdade juvenil. Pessoas jovens, em algumas sociedades, consideram o casamento como algo ruim. Quando você é jovem, é contra o casamento, porque o seu corpo físico está num certo modo. O casamento parece uma escravidão ou uma corrente. Você quer fazer as coisas de uma certa maneira. Mas, aos poucos, quando o corpo enfraquece, então, outra vez, você deseja que alguém esteja ao seu lado de forma comprometida.

Não estou dizendo que o casamento é errado. Você quer isso? Essa é a questão. Cada indivíduo deveria considerar isso por si mesmo, não como uma norma social.

Esse é um sentimento juvenil — "Enquanto eu sou forte, não preciso de ninguém; quando eu fico fraco, desejo ter alguém comigo". Eu acredito que uma parceria deve ser formada quando você está no auge do seu bem-estar. Quando você tiver sucumbido, fará parcerias desesperadas. Quando você está bem, quando você está no auge da sua vida, é quando você tem que fazer uma parceria que o acompanhará por todos os altos e baixos.

Como ser humano, você tem necessidades físicas, necessidades emocionais, necessidades psicológicas e necessidades econômicas. As pessoas não querem que você pense conscientemente sobre essas coisas, porque elas acham que o casamento se tornará algo feio se elas pensarem assim, mas essas necessidades e essas considerações, elas existem.

Para as mulheres, hoje em dia, o mundo mudou muito. Uma mulher não precisa, necessariamente, se casar por razões econômicas e sociais. Ela tem escolha. Ela pode cuidar da própria vida econômica e social. Não era assim há cem anos. Existe um pouco de liberdade agora. Então, pelo menos duas das razões por que você precisa se casar estão fora de questão. Você tem que considerar as outras três.

Psicologicamente, você precisa de uma companhia na sua vida? Você precisa de companhia emocional? E as suas necessidades físicas são muito fortes? Você deve olhar para isso como um indivíduo. Essa não é uma prescrição social — todo mundo deve se casar ou ninguém deve se casar. Não vai funcionar desse jeito. Como indivíduo, quão fortes são as suas necessidades? Elas são do tipo de necessidade passageira que você pode facilmente superar? Se for assim, não se case, porque não vale a pena se amarrar. Se você se casar, não são apenas duas pessoas, mas uma família inteira que terá de arcar com as consequências. Não estou dizendo que o casamento é errado. Você quer isso? Essa é a questão. Cada indivíduo deveria considerar isso por si mesmo, não como uma norma social.

Não há nada de errado em se casar, mas se você se casa sem ter a necessidade disso, então é um crime, porque você vai causar infelicidade a si mesmo e, no mínimo, a mais outra pessoa. Quando alguém perguntou a Gautama, o Buddha, "devo ter uma companhia?", ele respondeu "é melhor andar sozinho do que andar com um tolo". Eu não sou tão cruel. Estou dizendo que se você encontrar um tolo igual, então alguma coisa pode dar certo, mas, baseado nas suas necessidades — não por causa do que a sociedade diz, não porque os outros estão se casando.

Casamento ou morar junto?

Eu diria que, pelo menos, 25–30% das pessoas não precisam se casar, porque isso é apenas um interesse passageiro para elas. Para os outros 30–40%, o interesse pode ser um pouco mais longo, e elas entram nessa. Por dez, doze anos, elas se sentem bem e, depois, elas acham que aquilo é um fardo. Mas existem algumas pessoas que têm uma necessidade muito forte. De 25–30% das pessoas precisam de parcerias por um período de tempo mais longo — elas, definitivamente, precisam entrar nesse tipo de acordo.

Hoje em dia, as pessoas encontraram outros tipos de soluções. "Ok, não vou me casar, vou apenas morar junto." Se você está apenas morando junto com outra pessoa, é de qualquer forma um casamento, quer você tenha uma certidão ou não, mas se você acha que pode escolher seus parceiros a cada fim de semana, está causando sérios prejuízos a você mesmo, porque, da mesma forma que a sua mente tem memória, o seu corpo tem uma memória mais forte ainda. O corpo embebe e retém as experiências além da memória que você guarda na sua mente.

A importância do casamento

Na tradição indiana, a intimidade física é chamada Runanabandha, que se refere à memória do corpo físico. O corpo desenvolve uma percepção profunda de memória através da intimidade física. Ele vai responder e reagir de diversas maneiras baseado nessa memória. Se você imprimir memórias demais, haverá confusão no corpo e um certo nível de infelicidade. Você pode ver isso, claramente, nas pessoas que são negligentes com a vida e com o seu corpo físico. Elas não conhecem nenhuma sensação de alegria verdadeira. Por favor, observe isso com cuidado à sua volta. Essas pessoas nunca conseguem rir completamente, nem conseguem chorar totalmente. Elas se tornaram assim porque memórias confusas no corpo físico numa vida vão criar muitas impressões. Morar junto não é a solução para lidar com as suas necessidades.

Não existe o melhor. Viva a sua vida de tal forma que o que quer que esteja fazendo, você está fazendo isso de forma absoluta.

Ou você se casa ou, simplesmente, vai além dessas necessidades. Mas isso é algo para o qual você tem que olhar individualmente — o quão forte é a sua necessidade. Se você quiser olhar para isso com clareza, sem nenhuma influência social, é sempre melhor que você tire um tempo para isso, vamos dizer um mês. Quando você tomar essa decisão, deve estar num estado de clareza, não deve ser influenciado por ninguém. Apenas medite e chegue a um certo estado de clareza. Nessa clareza, olhe para o quão forte as suas necessidades são realmente.

Se você achar que o casamento não é necessário, é isso. Quando você tomar uma decisão, não olhe para aquela direção. Quando você tomar a decisão de ir por um caminho, não olhe para o outro caminho. Você deve fazer uma dessas coisas. Se você ficar no meio, permanecerá num estado de confusão constante. "O que é melhor?" Não existe o melhor. Viva a sua vida de tal forma que o que quer que esteja fazendo, você está fazendo isso de forma absoluta. Se você tem essa qualidade, o que quer que você faça, está bem.

A instituição do casamento

Participante: Hoje, muitos jovens não querem se casar, e aqueles que se casaram estão se divorciando. Você poderia esclarecer essa situação, Sadhguru?

Sadhguru: Um dos aspectos do casamento é trazer uma certa santidade para as simples necessidades básicas que todo ser humano tem. Casamento é para trazer alguma organização, estética e estabilidade, porque um homem e uma mulher que se unem, naturalmente, tendem a criar uma nova vida.

Eu não estou dizendo que casamento é tudo, mas você tem uma alternativa melhor?

A natureza dos filhotes humanos é tal que, por causa de todas as possibilidades que um ser humano carrega, comparado a qualquer outra criatura, eles são a forma de vida mais indefesa e precisam de uma quantidade máxima de ajuda. Você pode deixar um cachorrinho na rua — se ele conseguir comida, cresce para se tornar um bom cachorro. Mas isso não acontece com os seres humanos. Eles precisam não apenas de ajuda física, mas de uma variedade de ajudas e, acima de tudo, de uma situação estável. Quando você tinha três, quatro anos de idade, você era 100% a favor do casamento — o casamento dos seus pais. Quando você chega aos 45, 50 anos, de novo você se torna 100% a favor do casamento. Entre 18 e 35, você questiona a instituição inteira.

Se, na época em que o corpo físico é dominante, você ceder a isso, questionará toda instituição. Essa é a liberdade incendiada pelos hormônios. Sua inteligência foi sequestrada pelos hormônios, por isso você questiona os fundamentos de tudo. Eu não estou dizendo que casamento é tudo, mas você tem uma alternativa melhor? Nós não inventamos uma alternativa melhor, porque uma situação estável é essencial para uma criança.

Casamento é escolher conscientemente

Não é compulsório ou necessário para todo mundo se casar e ter filhos. Nós aconselharíamos todo mundo a se casar se a raça humana estivesse correndo o risco de desaparecer, mas a população humana está explodindo. Se você não se reproduzir, fará à humanidade um grande serviço.

Mas, se você se casar, e especialmente se você tiver filhos, esse é um projeto de vinte anos, no mínimo Isto é, se eles se saírem bem. Se não se saírem bem, é um projeto de uma vida inteira. Se você quiser entrar nesse tipo de projeto, deve haver um compromisso de criar uma situação estável por pelo menos vinte anos. Do contrário, você não deve entrar em tais projetos, deixe-o pelo caminho e vá embora.

E não há nenhuma necessidade de falar de casamento e de divórcio no mesmo momento, como se eles existissem juntos. Ninguém pensava em divórcio na Índia até recentemente. Se isso acontecesse, alguma coisa tinha dado inteiramente errado entre duas pessoas, não havia jeito de consertar as coisas, e elas tinham que se separar, é uma infelicidade, mas acontece. Mas você não tem que planejar isso na época do casamento!

Como fazer um casamento funcionar

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Participante: Como eu escolho a pessoa certa para ter uma companhia e se casar?

Sadhguru: Tentar encontrar o par perfeito é esperar pelo impossível. Uma das razões pelas quais o casamento pode ser uma confusão é porque você tem que dividir muitas coisas nessa relação. Essa questão não tem a ver com o casamento nem com um homem e uma mulher, marido e esposa. Em qualquer situação em que você seja forçado a dividir muito com outras pessoas, você enfrentará problemas semelhantes.

Num casamento ou vivendo junto, você normalmente tem que dividir o mesmo espaço, o mesmo tudo. Consequentemente, todos os dias, você está pisando no pé da outra pessoa de um jeito ou de outro. Em outras relações, se alguém ultrapassar os limites, você pode criar uma distância. Aqui você não tem escolha. Quanto maior a sobreposição, maior a possibilidade de atrito.

Não procure pelo homem ideal ou pela mulher ideal. Isso não existe.

Existem muitos casais que vivem belamente juntos, que estão profundamente apaixonados e que são companheiros fantásticos um para o outro. Ao mesmo tempo, essa relação pode assumir formas bem feias. Um fator que contribui para isso é que, geralmente, ninguém sabe das coisas feias que acontecem por detrás das portas fechadas. Se alguém na rua pisa no seu pé, você vai reagir de uma maneira diferente, porque todo mundo está olhando. Mas, nessa relação, ninguém está olhando, então tudo pode acontecer.

O que é preciso para fazer um casamento bem-sucedido não é uma pessoa perfeita — não existe uma pessoa perfeita no planeta. O que você precisa é de integridade absoluta. Quer alguém esteja olhando ou não, você deve agir do mesmo modo. Quem você é não deve mudar dependendo de onde e de com quem você está. Quando você estabelece o seu jeito de ser, interagir com outra pessoa pode ser uma alegria. Outro aspecto é que se vocês tentarem extrair alguma coisa um do outro, e se você e a outra pessoa não conseguirem o que querem, haverá um conflito constante.

Outro ponto a lembrar é que você não está se casando por caridade com outra pessoa. Você pode se casar porque você tem necessidades. Se a outra pessoa está disposta a satisfazê-las, e você é grato por isso, então não haverá muito atrito. Não procure pelo homem ideal ou pela mulher ideal. Isso não existe. Se você entender que são as suas necessidades que fazem você procurar uma companhia, achar alguém que seja razoavelmente compatível com você, se vocês aceitam, respeitam, amam, incluem, cuidam e se responsabilizam um pelo outro, a relação pode ser bem bonita.

Um casamento ritual — Bhuta Shuddhi Vivaha

Participante: Recentemente, você apresentou o processo Vivaha, e eu apenas queria saber como esse processo melhora o casal e todas as pessoas que estão participando? Qual é a experiência delas e como elas podem se beneficiar disso?

Sadhguru: Porque eu acredito na eficiência da atividade humana, quando alguém diz que quer se unir a outra pessoa, eu acho que devo fazer isso de uma forma mais eficiente. As pessoas se unem às outras e isso não dura. Se você não tem nenhuma intenção de se unir, isso é com você. Mas quando você mostra uma intenção de se unir, é melhor aprender a se unir bem. Vivaha é apenas isso, uma maneira mais eficiente de se unir.

Nos móveis, diferentes peças de madeira estão unidas. Há alguma coisa chamada parafuso com a qual você pode unir de maneira eficiente duas peças de madeira. A vantagem do parafuso é que você pode desparafusar. Com um prego, você não pode realmente despregar — quando você prega, geralmente tem que quebrar.

Então você pode dizer "eu segui em frente", mas ficaram alguns buracos abertos, nos quais você vai cair no caminho.

Eu fiquei bem surpreso quando vi algumas casas sendo construídas — a casa inteira é pregada. Se usassem parafusos, em vez de milhares de pregos, provavelmente, com cinquenta parafusos, poderiam fazer o mesmo trabalho; o que acontece é que um pouco mais de engenharia estaria envolvido nisso.

Na Índia, um carpinteiro tradicional seria banido se usasse pregos assim. Tradicionalmente, na carpintaria indiana, eles sempre usam pedaços de madeira de uma certa maneira. Eles não são fixados permanentemente; eles são bem fixados, mas não permanentemente — se você quiser, pode removê-los. Mas será preciso uma certa quantidade de esforço e habilidade para isso. Eles dominam isso no Oriente. É assim que toda união deve ser. Unir deve ser realmente rápido e adequado, mas, por alguma razão alheia, se tiver que ser desfeito, com uma certa quantidade de esforço, somos capazes de desfazê-lo. Do contrário, isso significa que não damos a mínima para o material que usamos.

Isso serve também para os seres humanos. Quando unimos alguém, devemos unir de tal maneira que isso seja quase permanente. Mas, por alguma razão alheia — digamos que uma pessoa tenha morrido, e então a outra não deve segui-la imediatamente, porque se você as une rápido, isso vai acontecer.

No passado, muitas pessoas expressavam esse tipo de desejo: "Se meu marido ou minha esposa morrer, eu também quero morrer".  Esses dias se foram. Se você fizer alguma coisa que eles não gostem, eles vão embora. Num mundo assim, você não deve se unir tão rápido. Deve ser rápido o bastante para que, amanhã de manhã, quando uma briga por causa do creme dental acontecer, a união deve se manter. Mas, se alguma coisa alheia acontece, então com um pouco de esforço, você deve ser capaz de desfazer a união. Mas, quando você uniu algo, se quer desfazer essa união, a menos que não tenha sido adequadamente unido, desunir, inevitavelmente, cobrará um preço de nós. O que quer que seja, seja físico, material ou humano, isso exigirá um preço quando você quiser desunir.

Se você quiser desunir esse móvel, alguns buracos ficarão lá dentro, que não são fáceis de cobrir. Será preciso muito trabalho para consertar esses buracos. Coisas parecidas acontecerão com seres humanos também. Eu sei que, hoje em dia, o slogan é: "Eu segui em frente". Seguir em frente não significa "eu me liberei e fui". Seguir em frente significa "estou na próxima parada". Então você pode dizer "eu segui em frente", mas ficaram alguns buracos abertos, nos quais você vai cair no caminho.

Você pode administrar, pode enfrentar as noites com bebida, de manhã, pode se levantar apenas cinco minutos antes de ter que sair para o escritório e, no escritório, você pode passar o tempo todo reclamando e resmungando, e ficando ocupado; as pessoas estão levando a vida assim. Se você as fizer se sentarem num lugar, sem nada para fazer por três dias, você verá, elas ficarão quase loucas com todos esses buracos dentro delas.

Cobrir um buraco e consertar um buraco são duas coisas completamente diferentes.  Consertar não é tão simples assim. É como o cupim — se você pintou o móvel, tem que ficar checando porque, um dia, quando você encostar nele, só haverá a tinta, porque o cupim não gosta de comer tinta, só come matéria orgânica. Ele não é como você, ele não come comida infestada de produtos químicos. Ele simplesmente consome toda a madeira. Quando você cutuca com o dedo, ele entra totalmente, pois só resta a tinta.

Qual é o propósito do casamento?

Unir alguma coisa é algo que deve ser feito corretamente, do contrário, qual é o ponto? Podemos unir de uma tal maneira que se um morre, o outro também morre; se um se ilumina, o outro também se ilumina. Há coisas positivas também. Mas, na média, o número de pessoas que ficam doentes, o número de pessoas que morrem, o número de pessoas que enlouquecem são maiores do que o número de pessoas que se iluminam, então não corremos o risco.

Vivaha é um processo orgânico de unir dois organismos de uma determinada maneira, pelo menos há um segmento deles em que não se pode dizer qual é qual — e isso é bom, porque elas experimentam uma sensação de união.

Com uma determinada quantidade de esforço e um determinado preço anexado à vida, deve ser possível desatar, mas haverá um preço. Vivaha é um processo orgânico de unir dois organismos de uma determinada maneira, pelo menos há um segmento deles em que não se pode dizer qual é qual — e isso é bom, porque elas experimentam uma sensação de união. Nós esperamos que elas usem isso como um trampolim para uma união maior. Bem, se elas fazem isso ou não fazem, é outra questão.

Para aqueles que conduzem o processo, será muito bonito, porque isso se tornará um grande sadhana em suas vidas, que você coloque dois organismos juntos e faça-os se sentirem como um só. Isso tem um certa beleza e um certa contribuição para a sua própria vida.

Para aqueles que testemunham também, podemos fazer isso de uma maneira mais forte do que estamos fazendo agora. Não estamos indo tão longe assim por causa da porcentagem de divórcios, mortes e doenças que acontecem. Na verdade, podemos unir de uma forma muito mais forte ou a sobreposição pode ser muito maior. Você tem que levar a realidade social em consideração, sempre. Mas não importa quantos divórcios aconteçam, não importa quantas pessoas falem que "o casamento tem prazo de validade", quando acontece uma união que é para além do corpo e da companhia psicológica, há uma certa bela energia em volta dela.

Aqueles que vêm para testemunhar, eles chegam a saborear um pouco do mel que se espalha. Por exemplo, no programa Bhava Spandana, mesmo se algumas pessoas não vivenciam nada, há muitos benefícios em apenas olhar outra pessoa que está num determinado estado — simplesmente porque você viu alguém em união. Você não sabe a que elas estão se unindo, mas elas, de alguma forma, redefiniram seus limites, então, pelo menos os limites são um pouco mais amplos. Quando esse processo está acontecendo, mesmo aqueles que testemunham se beneficiam imensamente.

Coisas parecidas acontecem no Vivaha, mas numa escala menor. Podemos intensificá-lo, mas então teremos que lidar com várias consequências que veremos, porque as pessoas têm que viver vinte, trinta, quarenta, cinquenta anos. No mundo de hoje, onde as pessoas estão contando microssegundos, cinquenta anos parece uma prisão, elas não conseguem nem pensar nisso. Muitas pessoas desistiriam do casamento: "Ah, minha vida inteira!" As gerações anteriores diziam isso bem facilmente: "Até que a morte nos separe". Eu acho que nenhum padre diz isso mais, ele não ousaria.

Levando em consideração as realidades sociais, calibramos o Vivaha até determinado ponto — um degrau acima do que a sociedade espera. Mas se você fizer mais do que isso, não será bom.

Combinar mapas astrais é importante num casamento?

Participante: Sadhguru, eu quero saber a verdade sobre a astrologia. Dizem que ela é uma ciência, mas quando alguém tem que combinar mapas astrais para o casamento ou quando uma garota tem uma conjunção astral perigosa e deve se casar com uma árvore antes de se casar com o noivo, isso parece um pouco estranho para mim.

Sadhguru: Quando se combinam mapas astrais, as estrelas podem combinar, mas como você combina esses dois idiotas?  Não é possível. Ninguém quer combinar com esses dois idiotas. Somente se eles assumirem responsabilidade um pelo outro, se eles mostrarem algum senso de envolvimento e investirem suas vidas um no outro, então algo maravilhoso pode acontecer. Do contrário, não importa como você os combine, nada irá funcionar. É por isso que, para a maioria das pessoas, todo caso de amor e casamento só são bonitos por algum tempo. Depois disso, é uma grande ansiedade ou atritos constantes, simplesmente, porque as pessoas estão tentando se combinar uma à outra. Você não pode combinar pessoas. Duas pessoas não são a mesma coisa. Não vai funcionar desse jeito. Somente quando você colocar o bem-estar do outro acima do seu próprio, então você verá que tudo vai funcionar.

Se a sua vida é extrair felicidade de uma outra pessoa, você verá que tudo se tornará amargo, após um período de tempo. Se a sua vida é compartilhar a alegria que você é, então tudo funcionará. Não importa o que as estrelas digam. As estrelas podem falar o que elas quiserem, mas quando você vem para cá como um ser humano, você deve criar esta vida. Esta é a única criatura no planeta que pode estruturar sua própria vida. Se você quer abrir mão disso e permitir que coisas inanimadas, como planetas e estrelas, decidam o futuro de quem você é, é uma maneira trágica de existir. Por favor, tome a sua vida em suas mãos.

Não é bobagem que uma terceira pessoa, que você nem conhece, diga se você viverá feliz ou não com seu marido ou sua esposa? Não é muito vulgar? Não importa com que tipo de tolo você se case, assuma a responsabilidade de viver bem e essa é a única maneira de você viver bem.

Dicas para um casamento bem-sucedido

1- Pegue dois corações cheios de amor

A expressão "caindo de amores" é muito significativa, porque você não sobe de amor, você não voa de amor, você não anda de amor, você não fica em pé de amor. Você cai de amores, porque alguma coisa que você é tem que ir embora. Isso, essencialmente, significa que outra pessoa se tornou bem mais importante do que você. Somente se você não pensar demais em si mesmo, poderá se apaixonar. Quando o que você considera como "eu" cai, uma experiência profunda de amor pode acontecer dentro de você.

2- Acrescente uma dose bem generosa de compreensão

Quanto mais a relação com alguém é próxima, mais esforço você deve fazer para entendê-lo. Alguém só se torna mais próximo e mais querido quando você o entende melhor. Se eles o entendem, desfrutam da proximidade de uma relação. Se você os entende melhor, então você desfrutará da proximidade. Se você está esperando que o outro entenda e concorde com você o tempo todo, enquanto você não entende as limitações, possibilidades, necessidades e capacidade dessa pessoa, então o conflito é tudo o que vai acontecer.

Em todos, há alguns aspectos positivos e alguns negativos. Se você abraça tudo isso na sua compreensão, você pode fazer a relação do jeito que você quer. Se você deixa isso para o entendimento da outra pessoa, isso se tornará aleatório. Se elas forem muito magnânimas, as coisas acontecerão bem para você. Se não, a relação vai se romper. Não é que a outra pessoa seja desprovida de compreensão. Com a sua compreensão, você pode criar situações onde a outra pessoa o compreenda melhor.

3- Trabalhe nisso um pouco

Um casamento não é uma coisa absoluta que você faz uma vez e esquece. É uma parceria ativa. Duas pessoas separadas escolheram ficar juntas para um propósito comum e construir uma vida juntos, viver alegremente e multiplicar o seu bem-estar. Dois seres humanos que tecem suas vidas numa só tem uma certa beleza.

Na cultura indiana, o casamento era renovado uma vez por ano, apenas para lembrar o motivo pelo qual vocês se uniram. É um novo casamento nesse dia. Do contrário, você pensa que está empacado nisso para sempre. Não. Vocês ficam juntos conscientemente, e vocês têm que conduzir isso conscientemente também.

4- Aqueça-o com um pouco de alegria

Para que as relações sejam realmente belas, é importante que um ser humano se volte para dentro e olhe para si mesmo de um jeito muito profundo, antes de olhar para outra pessoa. Se você se tornasse uma fonte de alegria por si mesmo, e suas relações fossem para compartilhar sua alegria, você teria relações maravilhosas com qualquer pessoa.  Alguma pessoa no mundo pode ter problemas com você se você vai compartilhar sua alegria com elas? Não. Se você quer vivenciar a profundidade de ser com outro ser humano, seu casamento nunca deve ser sobre você — ela deve ser sempre sobre a outra pessoa. Se ambos pensam assim, seu casamento não será um acordo, será uma união.

5- Oferecem-se um ao outro

Se o seu casamento for apenas um conjunto de expectativas sobre como extrair a felicidade de alguém que deveria ser o paraíso para você, você ficará desapontado. Dizem que os casamentos são feitos no céu. Isso porque a maioria das pessoas fizeram do casamento um inferno. Se a sua relação se trata de extrair algo de alguém, não importa o quanto você a gerencie, haverá problemas constantes, mas se sua relação é um oferecimento para a outra pessoa, então tudo pode ser fantástico.

Nota do editor: Nesse vídeo, Sadhguru narra a incrível história de como ele se casou.