Reiki e cura prânica podem ser perigosos?
Sadhguru olha como o Reiki, a cura prânica e outras práticas semelhantes são equivocadas e podem criar um sofrimento muito mais profundo em vez de aliviar.
Pergunta: Eu ouvi dizer que o Reiki, a cura prânica, e coisas do gênero, funcionam no nível kármico e envolvem algum tipo de manipulação de energia. Causa dano praticar essas coisas?
Sadhguru: Há muitos curandeiros no planeta! Alguns anos atrás, um curandeiro muito popular da América veio à Chennai, e houve uma grande campanha, e um grande grupo de pessoas se reuniu para uma cura na praia de Chennai. As pessoas vieram e me perguntaram: “Sadhguru, o que é essa cura? Devo ir? Eu tenho essa doença, aquela doença”. Eu disse: “Se você quiser, vou reunir os endereços de todos os hospitais do planeta e fornecê-los aos curandeiros. Se quer curar os enfermos, deve ir ao hospital. Por que a praia? Pensei que pessoas saudáveis fossem para lá!”.Quando um golpe se torna perigoso
Não estou dizendo que não há algo nisso, 90% do tempo não há nada, mas 10% do tempo pode ser algo. Quando não há nada, estou bem com isso. Suponha que alguém lhe venda um "nada", ele é apenas um empresário inteligente e você é um pouco burro, mas nenhum mal aconteceu a você. Você tem o prazer em fazer compras e ele está negociando. Na maioria das vezes, quando você vai ao shopping, você só compra “nada”, não é? Você compra, leva para casa e, provavelmente, nem abre a embalagem. Tudo o que você comprou fica lá por muito tempo, porque é sobre compras, não sobre o que você comprou. Eles estão satisfazendo sua busca por compras, vendendo-lhe nada; nenhum mal está lhe acontecendo. Mas, agora, se ele lhe vender algo que lhe cause dano, isso é pior do que lhe vender nada. "Nada" é apenas um golpe limpo. Só custa dinheiro, não custa a vida. Mas esse “algo” pode custar a vida. Esses 10% do tempo em que algo de fato acontece, é onde está o perigo e é desnecessário.
Hoje em dia, com a medicina moderna, você pode lidar com quase todas as doenças infecciosas. Quando você usa qualquer tipo de medicamento, é uma tentativa de mudar a química do corpo com um recurso externo. Por causa disso, o sistema sofre de alguma forma. Em um nível, o remédio cura você da doença, mas, em outro nível, ele cria uma espécie de sofrimento. Quando passa de certo ponto, dizemos que os efeitos colaterais se manifestaram por causa da droga, mas, com qualquer tipo de droga, ou qualquer tipo de produto, sempre haverá algum distúrbio no sistema. Se você pratica yoga, pode ver claramente que quando toma remédios, seu sistema não é o mesmo. Sempre que você tentar influenciar a química interna com substâncias químicas externas, haverá um distúrbio. Esse é o preço que se paga, mas é necessário, porque a doença é um problema maior para você, mas doenças crônicas não chegam até você através de nenhum organismo externo.
No caso de doenças crônicas, a doença é apenas a superfície. O sintoma que você pode notar é apenas a ponta do iceberg e, como o provérbio da "ponta do iceberg", ela é apenas uma pequena parcela. A doença que a pessoa sofre é o sintoma, que é tudo o que ela consegue notar, mas essa é apenas uma pequena parcela do problema que está em outro lugar. Ou seja, os sintomas são como indicadores.
A raiz do problema
Toda vez que alguém tenta fazer uma cura, ele está sempre tentando tirar o sintoma, porque é isso o que ele considera como doença. Quando se retira o indicador, a raiz do problema ainda existe. O indicador se manifestou no corpo físico apenas para trazer essa raiz ao seu conhecimento. Em vez de prestar atenção e ver o que deve ser feito sobre isso, se você, simplesmente, apagar o indicador, a raiz causará um efeito muito mais drástico no seu sistema. O que era uma asma pode se tornar um grande acidente ou alguma outra calamidade na sua vida. É possível.
Se a raiz tiver que ser removida, ela não pode, simplesmente, ser removida e dissolvida desse jeito. Tem que ser removida e trabalhada de alguma forma. Essas tentativas de curar uma pessoa são um processo muito juvenil, é uma coisa muito infantil de se fazer. As pessoas não compreenderam e experimentaram a vida com grande profundidade; elas viram a vida apenas na dimensão física, então acreditam que aliviar uma pessoa da sua dor física, naquele momento, é a melhor coisa que podem fazer. Não é assim.
É compreensível que, uma vez que a dor da doença atinge você, você só queira ser aliviado, não importa como, mas se você está começando a sentir a vida um pouco mais profundamente do que o corpo físico, verá que a forma de se livrar da sua doença também importa.
A doença desaparecerá se você dedicar atenção suficiente à reorganização das suas próprias energias, mas você tem que passar por algumas coisas. Apenas um alívio imediato irá aliviá-lo de uma maneira, mas irá prendê-lo de outra. Ninguém que percorre com seriedade um caminho espiritual jamais tentará uma cura, porque é uma maneira certa de se emaranhar. Algumas dessas coisas que se tornaram famosas em todo o mundo, hoje em dia, vieram de pessoas que desistiram de seu processo espiritual no meio do caminho, depois de adquirir um pouco de poder. Eles queriam usá-lo e se promover bem no mercado.
No Isha, ensinamos sadhana para a libertação, para ir além de todas as suas limitações. Pode-se facilmente adquirir tais poderes fazendo esse sadhana, mas nós temos muito cuidado para que você não adquira tais coisas. Se você estiver em algum caminho espiritual dinâmico, seja quem for que esteja na direção daquele lugar, sempre se certificará de que você nunca adquira nenhum tipo de poder. Queremos ser ordinários, muito ordinários – extraordinários. Não temos a doença de querer nos tornar especiais fazendo algo que os outros não podem fazer. Não é necessário. Ao tentar brincar de Deus, de alguma forma, você quer fazer algo que outros seres humanos não podem fazer. Isso pode levar a muitos emaranhamentos. Essas coisas são um espetáculo à parte. Na Índia, ao se aproximar de qualquer templo, haverá lojas dos dois lados, com todo o tipo de bugigangas. Se você se sentir muito atraído por essas bugigangas, nunca chegará ao Sanctum Sanctorum. Quando você chegar lá, as portas estarão fechadas.
Nota do editor: Extraído do livro “Body: The Greatest Gadget”, disponível em Isha Downloads.