Shiva - Quietude, Exuberância e Intoxicação
Sadhguru explica como Shiva é uma mistura inebriante de quietude e exuberância, para te levar além dos cinco sentidos e te possibilitar conhecer a vida absoluta.
A escolha de todos é sempre pela mais alta forma de prazer. No entanto, nós nos transformamos em máquinas de fabricação de sofrimento. Isto é porque nós dividimos a criação dentro da nossa estrutura psicológica. Uma vez que você divide a criação em "bom" e "ruim", aceitação e rejeição, você abandona a possibilidade da bem-aventurança.
É aqui que Shiva se torna uma metáfora tão poderosa para os nossos tempos. Como yogi, ele incorpora três qualidades essenciais: quietude, exuberância e intoxicação. Estes são os princípios fundamentais subjacentes a toda a criação. Sem isso, a vida humana é uma luta sem fim.
A ciência moderna e a tradição yogi concordam que o núcleo do cosmos é essencialmente a quietude. Apesar de conhecermos os Big Bangs e explosões nas galáxias, a maior parte do universo permanece quieto. Isso, na linguagem yogi, é Shi-va, "aquilo que não é". Essa é a própria fonte da criação, a base fundamental do atômico e do cósmico. Se os seres humanos quiserem conhecer a vida além do físico e do psicológico, é imperativo que permaneçam em estado de quietude.
Dessa quietude surge um dinamismo que permite que o universo se manifeste. Isso explica a riqueza da criação. Essa exuberância nos permite participar da vida, nos envolver com a criação. O corpo humano está a caminho da morte a cada momento, e, a mente, em direção à intensa confusão. Sem exuberância, a vida humana seria verdadeiramente impossível.
No entanto, para nos envolvermos com a natureza aparentemente ilógica e contrária da criação, precisamos da intoxicação como lubrificante. É a intoxicação que faz de Shiva uma mistura fascinante de ermitão e dançarino, asceta e chefe de família. É a intoxicação que lhe permite ser apaixonado e desapaixonado — profundamente envolvido na vida, mas intocado por ela.
Temos procurado a intoxicação de várias maneiras desde o início dos tempos. Alguns procuram através do amor. Outros se voltam para o álcool e outras substâncias químicas. A intoxicação é essencialmente um meio de reduzir o atrito, lubrificar nosso engajamento com o mundo. Nos imbuindo de flexibilidade e fluidez, ela nos capacita a brincar com a vida em vez de minimizar nosso engajamento por medo do conflito.
O único problema com a intoxicação química é que ela nos rouba a competência. No entanto, se formos capazes de recorrer a uma fonte interna de intoxicação, a nossa vida física e psicológica seriam absolutamente suaves e sem sobressaltos, reforçando a nossa competência, ainda nos deixando totalmente radiantes. O Folclore muitas vezes descreve Shiva em estado de inebriação permanente. Mas Shiva não é um consumidor de cannabis. Ele é a cannabis, a verdadeira fonte de intoxicação.
Como cultivar conscientemente essas três qualidades em nossas vidas? O Mahashivaratri é um ótimo momento para desabrochar em um ser humano pleno. Você poderia tentar esta prática simples. Durante o dia, em vários momentos, esforce-se para trazer quietude e silêncio a qualquer postura. Após o pôr do sol, permita-se ficar exuberante e dançar. Se você ficar acordado a noite toda, depois de ficar quieto durante o dia, você encontrará uma certa intoxicação que naturalmente permeia o seu ser.
Aquele que é permeado por Shiva não tem nada a desejar, nada do que chorar. Nada mais importa. Quando nada importa, tudo é importante. Quando as coisas importam seletivamente, você fica emaranhado. Quando tudo importa, você é livre! Você está agora encharcado com a intensa inebriante liberdade da vida. Você tocou a vida em seu auge. Quando você toca aquela vida intensa, concentrada e absoluta, você, de fato, tocou Shiva.
Nota do Editor: Acompanhe as comemorações do Mahashivratri no Isha Yoga Center com explosivas meditações guiadas, acompanhadas de dança e música, satsang com Sadhguru durante toda a noite! Aproveite a graça de Shiva, o AdiYogi! Visite a página do Mahashivratri para obter detalhes sobre as várias maneiras de participar.
Este artigo foi publicado pela primeira vez em Speaking Tree